E muito...
Movem
montanhas, constroem heróis, pintam vilões, marcam a alma, contam histórias,
fazem agir, fazem o bem, dividem tristezas, descrevem memórias, multiplicam o
amor, dão força às magoas, porque nem sempre são boas, essas danadas... Com sua
força o mar dança, deuses tomam forma, príncipes criam vida, o que era só ida
vira volta e tudo se mistura num liquidificador. Como as coroas douradas, as
palavras dão poder: de furar e ferir, costurar e colar, de fazer virar
infinito, de fazer ser eterno. Se faltam, deixam culpas; se sobram, deixam
cicatrizes.
Com elas é que a menina se põe a sonhar:
acredita, sente e faz com que acreditem no que passa em seu coração, as vezes
de forma atrapalhada, quando os pensamentos são mais rápidos do que ela pode
colocá-los no mundo, mas tudo sai sem filtros, sem pudor, num fluxo constante.
A mulher, por sua vez, se defende,
argumenta, vira o jogo, dá sermão, usa todas as cartas na manga para construir,
conduzir, acalmar, mas não se acalma. O pensamento continua rápido demais, os
desejos desencontram a realidade, e as palavras lhe faltam, há anos elas lhe
faltam. Talvez não mais... Talvez!
As duas juntas fazem das palavras gato e
sapato: um tornado na mente, uma enchente no coração, uma calmaria na fala
sempre controlada... E cada detalhe do que já lhe foi dito, rasgado e jogado
pra fora sem cuidado, a transforma em uma nova versão de si, um novo fenômeno
da natureza, em verde, em azul. E cada letra vira ferramenta: organiza,
desregula, transforma, reinventa e volta ao começo, tudo de novo. Ela
pinta e borda para colocar-se nos eixos, para perder-se no tempo, para
encontrar a saída, transbordando tudo que sobra e não lhe fará falta.
Desenrola! Esclarece! Cura! Muda!
Ahhhh, essas palavras!
Ao cara que me fez escrever de novo, obrigada =D
Por algumas pessoas vale a pena...