terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Borboletas Azuis

Era um caminho como tantos outros, com pedras, tortuoso, escorregadio por causa da água que escorria, parecia assustador e traiçoeiro. Meu coração batia tão rápido, meus sentidos sobrecarregados tentando absorver tudo, minha mente a mil por hora: uma nova vida, um novo começo, tudo diferente e eu estaria sozinha. Mal percebi quando a primeira delas cruzou a estrada. Uma borboleta azul, clara como o céu, se destacando no meio do padrão verde e cinza monótono, não tinha como não ver. Depois vieram as outras, todas da mesma cor, dos mais diferentes tamanhos, reduzindo a importância dos obstáculos e do medo.

Algum tempo depois percebi que aquelas borboletas azuis aparecem sempre que eu preciso lembrar qual caminho devo seguir, me acompanham e melhoram meu humor, me emprestam suas cores. As vezes elas têm asas, as vezes não. Como pode borboleta sem asa? Eu explico: essa história pode ser interpretada literalmente e ainda será verdadeira, mas a verdade nessas linhas é diferente, porque minhas borboletas azuis têm nome, andam por ai serelepes e pimponas, nas terras das Minas Gerais, dos Aires, das Garças Brancas, da Nossa Senhora, do Cristo Redentor. Longe ou perto, fazem meu caminho mais leve e mais bonito.

É verdade que não estou livre do medo ou dos tropeços, longe disso, porém sou mais feliz por tê-las no meu caminho e por ainda ser capaz de enxergar a beleza da vida a partir daquele azul-céu agora tão familiar. Eu as escolhi e acredito ter sido escolhida também. Tenho uma família inteira de borboletas azuis, apesar de não tê-las de verdade, já que elas são livres para ir, e bem vindas se quiserem ficar. 

Vocês deviam ver que lindo quando elas voam.

Talvez eu seja meio borboleta azul também, não sei, tem dias que parece que sim, e se não sou, quero ser.
Mas se eu for, que beleza vai ser voar por ai.  



Fonte: http://www.ra-bugio.org.br/especies/469.jpg