Aos 27 anos, com crises de choro, taquicardia e insônia, decidi fazer terapia, finalmente.
Para alguns o que me faltava era "terapia" cheia de louça. Para mim, faltava o ar, a concentração, o pensamento organizado. Constantemente eu sentia o descontrole de ser raptada por uma enxurrada de pensamentos negativos encadeados e o que eu fazia era permitir o sequestro. Eu não sabia como escapar, me sentia presa em mim mesma. Incompreendida e sozinha. Isolada. Desnorteada. Não desejo isso nem para meu pior inimigo. O que eu desejo é que as pessoas tenham a capacidade de reconhecer que precisam de ajuda e deem o primeiro passo. Eu demorei pra reconhecer, mas quando o fiz, foi libertador.
Para alguém que gosta de ter tudo sob controle, perder o controle de si é catastrófico. Você questiona absolutamente tudo o que faz e se isola cada vez mais tentando reconquistar o controle. Eu me cobrava diariamente por não estar sendo produtiva, por não reconquistar o controle de mim mesma, por me permitir sentir tudo isso.
Mas negar o sentimento não tornava nada melhor.
É aí que você responde que está tudo bem no automático. Você levanta, toma café, escova os dentes e vai para a rotina de trabalho no automático, mas não consegue focar em nada, não consegue sentir prazer em nenhuma atividade. Ninguém consegue te alcançar.
A saída, durante muito tempo, foi entorpecer o cérebro com coisas inúteis, porque o nada parecia melhor do que os pensamentos ruins. Só que isso não se sustenta.
No dia em que criei coragem para pedir ajuda eu estava chorando há horas, com pensamentos dos quais não me orgulho, desejando a dor física pra diminuir o foco no que eu estava sentindo. Foi assustador.
Eu senti que precisava encarar tudo isso e logo, ou poderia se tornar algo irreversível.
Esse momento de consciência foi decisivo.
Espero, do fundo do meu coração, que se alguém se reconhecer nessas palavras, perceba que não está sozinho e que há formas para lidar com a parte ruim da vida sem se destruir, sem sacrificar relacionamentos e tudo aquilo que te dá prazer.
Você só precisa dar um passo na direção daquilo que agora te apavora: olhar para todos aqueles cantos escuros da sua mente.
Encarar que precisa de ajuda é como acender a luz do outro lado de um túnel muuuuito longo, mas você não precisa atravessá-lo sozinho.
Um psicólogo vai segurar sua mão durante toda a jornada de autoconhecimento acendendo focos de luz em todos os pontos importantes, que precisam ser vistos. Quanto mais vocês avançam, menos escuro fica o caminho. E você vai ver que, na verdade, nunca esteve sozinho. As luzes é que estavam apagadas.
Vai por mim, precisar de ajuda pra isso não é o fim do mundo, é necessário. No fim, é o que fará toda a diferença.
Obrigada, Fernanda, por me acompanhar nessa jornada.
E aos meus amigos, obrigada por não desistirem de mim e por nunca me abandonarem, mesmo quando eu parecia inalcançável.
